segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Batalhas de manteiga

Batalhas de manteiga

Esta semana a Torah nos fala da grande dicotomia de caráter entre Ia´aqov e seu irmão mais velho, Esav. Ia´aqov sentou-se e estudou enquanto Esav caçava. Embora seja difícil entender as raízes dessa grande divisão, a reação dos pais a essa diversidade é ainda mais confusa. A Torah nos diz que “Itshaq amava Esav porque havia brincadeira em sua boca, e Rivka amava Ia´aqov” (Gn 25:28).

A variação em suas opiniões se manifestou na luta pelas bênçãos. Itshaq pretendia que Esav recebesse suas bênçãos pelos bens mundanos, com a intenção de salvar os espirituais para Ia´aqov. Rivka empurrou seu filho Ia´aqov para alcançar as bênçãos para os bens mundanos também.

Qual foi a diferença fundamental entre a visão de Itshaq e Rivka sobre seus filhos? Por que havia uma noção tão diversa quanto a quem deveria herdar a riqueza deste mundo? Como é possível que Itshaq, que sintetizou a própria essência da espiritualidade, favorecesse Esav, um homem mergulhado em desejos mundanos?

O vice-presidente Al Gore conta uma história sobre o futuro senador Bill Bradley. O senador Bradley certa vez compareceu a um jantar no qual ele era orador convidado. O garçom colocou um prato de batatas e colocou um pedaço de manteiga sobre elas. O senador pediu uma porção extra de manteiga.

“Sinto muito, senhor”, respondeu o servidor inflexível, “um pratinho por hóspede”.

Com uma expressão combinada de choque, desprezo e descrença, o senador Bradley olhou para o mordomo formal. “Com licença”, disse ele. “Você sabe quem eu sou? Eu sou o senador Bill Bradley, em Nova Jersey. O senador limpou a garganta. “Eu sou um estudioso de Rhodes e ex-astro da NBA. Atualmente atuo no Comitê de Comércio Internacional e Crescimento a Longo Prazo, e no Comitê de Redução da Dívida e Déficit, e sou responsável pela Fiscalização e Supervisão do IRS. E eu gostaria de outro pedaço de manteiga nas minhas batatas.”

O garçom olhou para o senador.

“Você sabe quem eu sou?”, ele perguntou.

“Eu sou o único encarregado da manteiga.”

Itshaq entendeu a grande contrariedade entre seus filhos. No entanto, ele sentiu que Esav, o filho caçador, entendia o mundo mundano muito melhor. Então, era apropriado que Esav fosse presenteado com as bênçãos de um mundo mundano. Esav suplementaria então as necessidades de Ia´aqov e uma verdadeira simbiose surgiria. Rivka, por outro lado, era pragmática. Ela achava que colocar Esav no comando do mundo material levaria a acumulação egoísta que dificilmente daria a Ia´aqov uma porção.

Ela entendeu que enquanto o sustento de Ia´aqov era basicamente da espiritualidade, ele ainda precisava de um pouco de manteiga para sobreviver. E ela não podia confiar em Esav controlando a manteiga: ela conhecia a personalidade muito bem. Não haveria paridade ou compartilhamento. Esav levaria tudo.

Todo mundo tem um emprego, seja espiritual ou servil, e cada trabalho deve ser executado com um senso de responsabilidade e missão. A discussão entre Rivka e Itshaq era complexa, mas também era simples. Esav pode ser mais astuto em agitar a manteiga; no entanto, ele se certificará de dar a Ia´aqov seu quinhão? Rivka sabia que o mundo seria um lugar melhor se todos compartilhássemos nossas respectivas porções. Mas ela não contaria com isso.

Este texto nos mostra de uma forma simples um dos motivos pelos quais Rivca esforçou-se tanto para que Ia´aqov recebesse a bênção material de seu pai! Mesmo numa família onde todos são criados dentro dos princípios eternos existem espíritos gananciosos e competitivos. Esav encaixava-se justamente nesta definição… e sua mãe sabia que caso ele herdasse aquilo que já não era dele – a bênção da primogenitura já havia sido vendida para Ia´aqov – o resultado seria desastroso em todos os sentidos.

Rivca – como uma mãe cuidadosa e uma serva do Eterno – cuida para que as coisas sigam seu devido caminho, ainda que ponha em risco sua própria vida. Esav, que representa Roma, tem seu destino travado por suas próprias palavras; já Ia´aqov recebe a promessa que lhe é devida e também partilha de um destino intenso: tornar-se Israel!

A diferença entre ambos é a seguinte: o mundano perdeu a herança espiritual e a material também; já o homem de D-us, temente aos céus e estudioso das Escrituras recebe a bênção espiritual e de quebra a porção material que também nunca lhe faltaria.

Hoje podemos diferenciar Roma de Israel; mas com isso é visto em nossos dias? Roma, cujo império já há muito caiu – porém o sentimento é de que o poder ainda é de Roma – debate-se tentando não perder seu poder; já Israel aguarda pela consumação final dos tempos em que a nação reinará definitivamente em todo o mundo, tendo como seu líder maior, Ieshua o Ungido do Eterno e o futuro rei – físico – de Israel!

Baruch ha Shem!

Por Rav. Mário Moreno, fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.

*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Jornada à verdade


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