“… Diga aos Kohanim, filhos de Aharon, e diga-lhes: Cada um de vocês não deve se contaminar com uma pessoa (morta) entre seu povo” Lv 21:1.
A parashá começa com Hashem ordenando a Moshe que instrua os Kohanim sobre suas responsabilidades particulares em manter padrões mais elevados de comportamento e pureza sagrados. Parece haver uma redundância nessas instruções, pois Moshe é informado duas vezes “diga aos Kohanim” – “emor” e “ve’amarta”. O Ramban sustenta que essa dupla expressão é semelhante àquelas ocasiões em que a Torah registra “daber el Bnei Yisroel ve’amarta” – “fale com Bnei Yisroel e diga”. Segundo o Ramban, a Torah usa uma expressão dupla para enfatizar a importância do mandamento, ou se envolve uma atividade que é contrária a uma norma aceita (Lv 21:1). Rashi, no entanto, cita o Talmud, que deriva dessa redundância de que os Kohanim estão sendo instruídos duas vezes, uma vez em relação a si mesmos e outra em relação aos filhos: “Lehazir gedolim al haketanim” – “para advertir os adultos quanto a seus filhos” (Ibid, Yevamos 114a). O que está implícito nas palavras “emor ve’amarta”, que alude especificamente à instrução das crianças, embora essas conclusões não sejam tiradas das palavras “daber ve’amarta”?
A diferença entre “amira” e “dibur” é a seguinte: “amira” é a retransmissão de informações sem qualquer imposição da pessoa que as transmite, enquanto “dibur” impõe a vontade do falante ao ouvinte. Um pai que pressiona seu filho a se comportar de maneira diferente da de seus colegas sempre falha, a menos que ele possa transmitir a mensagem de que esse comportamento é do melhor interesse da criança. A única maneira de conseguir isso é se o pai ou a mãe executar voluntariamente o que está solicitando ao filho. O problema de “Faça o que eu digo, não o que eu faço” é que, se a criança perceber que os pais relutam em fazer de bom grado o que ele exige da criança, ela sentirá que esse comportamento não é do seu interesse.
“Lehazir gedolim al haketanim” não significa que os adultos devem advertir seus filhos, e sim que os próprios adultos estão sendo advertidos a cumprir os mandamentos sem qualquer senso de imposição. Ao fazer isso, as crianças perceberão que seguir o exemplo dos pais é do seu interesse. A Torah usa especificamente a expressão “emor ve’amarta” e não “daber ve’amarta”, pois “daber” implica imposição. Especialmente ao exigir que os Kohanim se comportem de maneira mais restritiva do que seus pares, é essencial que a mensagem que transmitam aos filhos seja “Isso é do nosso interesse e não uma imposição”.
O ensino transforma não somente a nossa vida como também de nossas famílias e das pessoas que nos rodeiam. Este ensino é pautado no exemplo, ou seja, faça e permita que as demais pessoas possam imitá-lo! Novamente estamos falando de discipulado, mas este baseado totalmente no desejo que a pessoa tem de servir e de seguir um modelo “humano”. Sha´ul nos fala também sobre isso com as palavras: “Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra e sintamos o mesmo. Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam” Fp 3.16-17.
O exemplo que vem da Torah é confirmado na Brit Hadasha, somente lembrando que Ieshua usou largamente este método de ensino e levou homens a uma transformação incrível!
Seja também um “imitador de Ieshua” servindo em sua congregação e sendo imitador de seu líder em nome de Ieshua!
Baruch ha Shem!
Tradução e adaptação: Mário Moreno.
Por Rav. Mário Moreno, fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Liderança pastoral
Ensinando pelo exemplo publicado primeiro em https://guiame.com.br
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