Viver é um processo humano, contínuo e natural. Contudo, as vivências pessoais nem sempre podem ser lidas assim, porque vivemos dentro de espaços físicos, mentais, familiares, sociais, emocionais, temporais, espirituais... O escritor de Eclesiastes nos traz um texto significativo: “Tudo fez Deus no seu devido tempo...” E podemos nos lembrar que o tempo no qual estamos inseridos, o tempo todo, está dentro das quatro estações do ano, onde podemos, existencialmente, compreender os períodos da nossa caminhada, da nossa vida, da nossa carreira humana em todos os aspectos. Do ponto de vista da lógica humana, não vemos os três pontinhos do processo vivencial da vida, mas emocionalmente sentimos que vamos perdendo, e não vamos percebendo que a vida está acontecendo. Muitas e muitas vezes, algumas pessoas só vão perceber quando adoecem, quando as esperanças "morrem".
Recebi uma pessoa em meu consultório, com a seguinte demanda: síndrome de pânico. Certamente, há um histórico pessoal, mas neste momento, cabe-nos focar nas circunstâncias do aqui e agora: “perdas”.
Essas perdas não vieram do coronavírus. Viriam em qualquer momento com causas naturais. Dentro do processo, na correria, com os hábitos e rotinas prosseguimos. Mas as perdas funcionam como "notícias-bomba". E foi uma, foram duas, três em seguida, o que faz com que os gatilhos do medo e da insegurança sejam disparados e sentimos como se o mundo estivesse desmoronado sobre nós.
Após uma trégua de 30 – 40 dias, outra perda. Dentro desse trecho, do processo existencial, perceba o que flui como base de compreensão para manter o bem-estar psicoemocional: Essa vivência com a possibilidade de morte, fatalmente, abre-se à necessidade de ser consolado, protegido, confortado. A dor precisa ser diluída, de alguma forma, e por outro lado essa porta do medo e depois o receio dela vir do seu lado, de você ser o próximo, precisa ser fechada. As perdas precisam ser espelhadas na esperança e no conforto. Uma coisa é certa: a morte pode de fato vir, mas com ela, Deus também vem, trazendo consolo e conforto. É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus.
O tempo da morte é também o tempo do consolo e do conforto. A consolação vai tirar as marcas da perda, mas vai deixar a glória e a segurança do conforto e da consolação. Somos confortados e consolados em Cristo Jesus para podermos consolar e confortar a muitos. Isso não é lindo? Não é tremendo?
Por Darci Lourenção, psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor” e “Viva sem compulsão”.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Recebi um convite para falar sobre “Esperança e Fé”
O jeito divino de ressignificar nossas dores publicado primeiro em https://guiame.com.br
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