segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Ativistas LGBT fazem protesto em frente à Igreja da Lagoinha, em Belo Horizonte

Ativistas LGBT fazem protesto em frente à Igreja da Lagoinha, em Belo Horizonte

Pelo menos 30 pessoas protestaram na manhã de domingo (20) contra os pastores da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte (MG). Com cartazes que traziam mensagns como “igreja é lugar para todos”, o grupo se manifestou sobre as declarações de André e Ana Paula Valadão sobre a homossexualidade.

De acordo com Thiago Santos, um dos líderes da União da Juventude Socialista (UJS) e integrante de outros movimentos, o objetivo da manifestação era fazer com que a igreja dialogasse sobre o tema. “Nós achamos que a informação é algo importante. Também há gays e lésbicas dentro da igreja, e acreditamos que a fala dos líderes têm muito poder de influenciar nos fiéis”, disse ao jornal O Tempo.

“O nosso principal objetivo era tocar em dois aspectos muito específicos: a Ana Paula, devido à questão do HIV como uma doença específica de homossexuais, algo que a própria OMS já contesta. E o Valadão, que fez uma fala homofóbica e inconstitucional, já que proibir qualquer pessoa de entrar em uma instituição religiosa por questão de identidade de gênero é ilegal”, alegou.

Membros da igreja foram à rua para conversar com os manifestantes. Segundo O Tempo, uma das pastoras da Lagoinha, Márcia, explicou que os líderes da igreja amam todas as pessoas, e que as críticas estão afetando a família Valadão.


Cerca de 30 pessoas participaram do protesto na porta da Igreja da Lagoinha. (Foto: Divulgação/O Tempo)

No início do mês, Ana Paula Valadão chegou a ser processada por crime de LGBTfobia por dizer que homossexualidade é pecado e relacionar a prática à Aids, durante um episódio exibido pela Rede Super.

“Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher. E é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, disse a pastora sobre a homossexualidade. 

“Nem é Deus trazendo uma praga ou um juízo não. Taí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres. Enfim, não é ideal de Deus. Sabe qual é o sexo segura, que não transmite doença nenhuma? O sexo seguro se chama aliança do casamento”, esclarece. “Deus é perfeito em tudo o que faz”.

Dias antes, seu irmão, o pastor André Valadão, havia sido criticado por responder no Instagram a uma pessoa que questionou se um casal homossexual deveria ser expulso da igreja.

“Entendi. São gays. A igreja tem um princípio bíblico. E a prática homossexual é considerada pecado. Eles podem ir para um clube gay ou coisa assim. Mas, na igreja, não dá. Esta prática não condiz com a vida da igreja. Tem muitos lugares que gays podem viver sem qualquer forma de constrangimento. Mas na igreja é um lugar para quem quer viver princípios bíblicos. Não é sobre expulsar. É sobre entender o lugar de cada um”, respondeu André.

A Comissão de Diversidade e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas Gerais chegou a informar que iria apurar o post do pastor. 

Liberdade religiosa

A Aliança Nacional LGBTI+ e a comissão da OAB respaldam sua ação na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2019 enquadrou a homofobia como crime de racismo, que é imprescritível e inafiançável.

Embora a decisão preveja a liberdade religiosa para manifestações em templos religiosos, o caso de Ana Paula e André, que direcionavam suas mensagem ao público cristão, apontam para uma restrição na abordagem do tema.

Em ministração transmitida no domingo passado (13), o pastor André Valadão destacou: “Há uma coisa que é respaldada pela Constituição, se chama direito de culto”. 

André mencionou o exemplo de um casal de amigos que foi impedido de entrar em uma mesquita muçulmana: o homem por ter tatuagem e a mulher por não usar véu. Ele também usou o exemplo de religiões que matam animais em seus rituais, mas não podem ser contestadas por entidades de defesa aos animais.

“Não é absurdo, é direito constitucional de culto. Não é um lugar público, é um lugar privado. Aquele lugar tem lei, tem usos e costumes”, explica o pastor.

“Nós, que temos Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, nós que entendemos o Evangelho, não podemos nos calar. Ninguém pode nos impedir de falar a verdade. É um direito que nós temos. É o princípio da Palavra de Deus, e ponto final”, ele continua.

André deixou ainda um recado aos líderes cristãos: “Pastores, eu me incluo nisso, é hora da gente falar o que é pecado e não é. Porque temos uma geração hoje que não está entendendo mais o que é pecado e não é”.


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