A Netflix experimentou um pico de cancelamentos que é cerca de oito vezes maior que a taxa normal, devido à indignação de seus assinantes com o polêmico filme francês “Cuties”, de acordo com um relatório de um grupo de análise de dados.
A Netflix recebeu críticas por sua decisão de lançar em sua plataforma de streaming o filme francês “Cuties” (“Lindinhas”, em português), que mostra meninas de 11 anos sendo sexualizadas, dançando provocativamente e que foi igualado à pornografia infantil e pedofilia.
A revista Variety relatou como a YipitData descobriu que, em 12 de setembro, a taxa de cancelamento da Netflix foi oito vezes maior do que os níveis diários médios registrados no mês passado.
Embora observe que o pico de cancelamentos foi "um pico de vários anos", a Variety alertou que isso pode ser um "problema de curto prazo" para um serviço que regularmente faz com que as pessoas cancelem e se inscrevam.
Em junho, a Netflix tinha aproximadamente 193 milhões de clientes pagos em todo o mundo, de acordo com a Variety, com quase 26 milhões de novos assinantes no primeiro semestre do ano.
Escrito e dirigido por Maïmouna Doucouré, o filme centra-se em uma garota senegalesa muçulmana de 11 anos que desafia sua família e se junta a um grupo de dança pré-adolescente do estilo twerk — ritmo que tem movimentos sensuais e simula sexo em rotinas de dança.
Recentemente, legisladores republicanos, incluindo o senador Ted Cruz do Texas, pediram ao Departamento de Justiça que investigasse a Netflix por supostamente distribuir pornografia infantil.
"Exorto o Departamento de Justiça a investigar a produção e distribuição deste filme para determinar se a Netflix, seus executivos ou os indivíduos envolvidos na filmagem e produção de 'Cuties' violaram quaisquer leis federais contra a produção e distribuição de pornografia infantil", escreveu Cruz em uma carta ao procurador-geral William Barr.
“E é provável que a filmagem deste filme tenha criado cenas ainda mais explícitas e abusivas, e que pedófilos em todo o mundo no futuro irão manipular e imitar este filme de formas abusivas", acrescentou
No Brasil, a ministra Damares Alves também afirmou que já mobilizou seus assessores jurídicos do governo para ver quais são os caminhos possíveis para proibir a exibição do filme no Brasil.
"Estou brava, Brasil! Estou muito brava! É abominável uma produção como a deste filme. Meninas em posições eróticas e com roupas de dançarinas adultas", escreveu Damares em sua página do Facebook.
Contexto
A Netflix primeiro atraiu a indignação popular internacional com o filme, após divulgar uma banner promocional do filme em suas páginas das redes sociais, que mostrava as garotas, incluindo a personagem principal, em roupas muito curtas e posando sugestivamente.
Após a polêmica, a Netflix eventualmente se desculpou pela arte e mudou sua publicidade promocional para o filme, mas não desistiu de lançar o longa em sua plataforma.
Com isso, muitas pessoas ainda pediram aos usuários da Netflix que cancelassem suas contas com o serviço de streaming.
Antes do lançamento do filme em 9 de setembro, uma petição pedindo que a Netflix cancelasse o lançamento de "Lindinhas" foi postada online e até a última quinta-feira, tinha mais de 715.000 assinaturas.
A hashtag do Twitter “#CancelNetflix” se tornou viral e foi promovida por figuras notáveis, incluindo a representante democrata Tulsi Gabbard do Havaí.
“A pornografia infantil de ‘Cuties’ [Netflix] irá certamente abrir o apetite dos pedófilos e ajudar a alimentar o comércio de tráfico sexual infantil. 1 em cada 4 vítimas de tráfico são crianças. Aconteceu com a filha de 13 anos do meu amigo. Netflix, agora você é cúmplice. #CancelNetflix”, tuitou Gabbard.
A psicóloga paranaense Marisa Lobo também fez duras críticas ao filme em um artigo publicado no Guiame. Ela explicou como o filme pode abrir o apetite sexual de pedófilos.
“A pedofilia não é um problema apenas pelo abuso sexual consumado. Ela também é pela produção de conteúdos que alimentam o fetiche do pedófilo. Antes de o abusador cometer seus crimes, tocando e violentando uma criança, ele primeiro se alimenta de conteúdos que estimulam as suas fantasias. É por isso que é comum encontrar material de pornografia infantil na posse desses criminosos”, disse.
“É possível abordar o problema da erotização precoce de crianças e adolescentes de várias formas. Não há, por exemplo, a menor necessidade de expor até mesmo as partes íntimas (mesmo cobertas) das meninas para ilustrar isso. Quando vi as cenas, não tive dúvidas de que o nível de detalhamento no foco das imagens contradiz a proposta do filme, estimulando aquilo que diz querer combater. Haveria uma intenção oculta por trás disso? Não descarto essa possibilidade”, acrescentou.
Netflix tem onda de cancelamentos após lançar filme que erotiza garotas de 11 anos publicado primeiro em https://guiame.com.br
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