terça-feira, 3 de novembro de 2020

Vaticano sinaliza que Igreja Católica não apoia união civil entre homossexuais

Vaticano sinaliza que Igreja Católica não apoia união civil entre homossexuais

Em declaração sobre os comentários do Papa Francisco em apoio à união civil entre homossexuiais, o Vaticano disse que as falas do pontífice foram tiradas de contexto e não sinalizou uma mudança na doutrina da Igreja Católica em relação ao casamento gay.

Em uma carta enviada na última sexta-feira (30) pela Secretaria de Estado do Vaticano aos seus embaixadores em todo o mundo, o Vaticano disse os comentários feitos pelo Papa Francisco no documentário “Francesco”, dirigido pelo cineasta russo Evgeny Afineevsky, foram retirados de contexto.

A carta foi à público no domingo (1º) através do Facebook do embaixador do Vaticano no México, o arcebispo Franco Coppola. Um alto funcionário do Vaticano confirmou a autenticidade da carta à CNN.

“Há mais de um ano, durante uma entrevista, o Papa Francisco respondeu a duas questões diferentes em dois momentos distintos que, no referido documentário, foram editadas e publicadas como uma resposta única, sem a devida contextualização, o que gerou confusão”, diz a carta.

Em relação a fala do papa de que é preciso “uma lei de união civil”, o Vaticano justifica que Francisco falou sobre sua “oposição” a uma lei do casamento entre homossexuais na Argentina dez anos atrás, quando era arcebispo de Buenos Aires.

Nesse contexto, afirma a carta do Vaticano, o papa “falou sobre os direitos dessas pessoas a ter certa proteção legal”, mas não sobre o casamento entre homossexuais.

“É claro que o Papa Francisco se referia a certas disposições feitas pelos Estados, e certamente não à doutrina da Igreja, que ele reafirmou inúmeras vezes ao longo dos anos”, explica a carta.

No filme, o Papa também diz que “os homossexuais têm direito de estar em uma família. Eles são filhos de Deus e têm direito a uma família”, o que foi interpretado como apoio de Francisco a casais do mesmo sexo formando famílias.

A carta afirma que o Papa estava falando sobre o fato de que “um filho ou filha com orientação homossexual nunca deve ser discriminado dentro da família”.

Após a estreia do filme em Roma, em 21 de outubro, Afineevsky disse à Associated Press que havia entrevistado pessoalmente o Papa para seu documentário.

No entanto, os jornalistas descobriram mais tarde que a filmagem da entrevista do Papa foi tirada de uma entrevista à rede mexicana Televisa, em 2019. Os comentários do Papa sobre as uniões civis, no entanto, não foram veiculados anteriormente.


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