segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Metodistas anunciam plano de dividir denominação, diante das questões LGBT

Metodistas anunciam plano de dividir denominação, diante das questões LGBT

Um grupo de líderes da Igreja Metodista Unida, a segunda maior denominação protestante nos Estados Unidos, anunciou na última sexta-feira (3) um plano que formalmente divide a igreja, citando “diferenças fundamentais” em relação ao casamento homossexual após anos de divisão.

O plano envolve a divisão da denominação com 13 milhões de membros em todo o mundo — pelo menos metade deles nos EUA — e a criação de uma nova denominação “metodista tradicionalista”, que continuaria proibindo o casamento gay, bem como a ordenação de gays e lésbicas no clero.

Segundo o jornal New York Times, é provável que a maioria das igrejas da denominação nos EUA permaneça na Igreja Metodista Unida existente, que se tornaria uma instituição mais liberal, enquanto se desvincula com as congregações conservadoras em todo o mundo.

Uma separação na Igreja Metodista vinha se formando há anos, mas chegou a um impasse em fevereiro do ano passado, quando 53% dos líderes e membros da igreja votaram a favor da proibição do casamento gay, declarando que “a prática da homossexualidade é incompatível com o ensino da religião cristã”.

Nos meses seguintes, 16 representantes da igreja se reuniram em um comitê informal que determinou que a separação era “o melhor meio de resolver nossas diferenças, permitindo que cada parte da igreja permanecesse fiel ao seu entendimento teológico”.

A Igreja Metodista Unida é a mais recente denominação a sofrer com disputas teológicas a respeito das questões LGBT. Discussões como estas provocaram um êxodo de congregações das igrejas presbiteriana e episcopal nos últimos anos, levando jovens evangélicos e católicos a também deixarem os bancos.

O plano de divisão foi elaborado durante três sessões de mediação em escritórios de advocacia em Washington. As negociações se concentraram principalmente em como alocar os ativos financeiros da igreja e em como criar um processo de separação.

Uma vez que o contrato seja redigido com mais detalhes, deve ser aprovado durante a conferência global da denominação em Minneapolis, em maio. 

Embora os tradicionalistas tenham ganho a votação em 2019, são os progressistas que permanecerão sob a bandeira da Igreja Metodista Unida. As igrejas locais escolherão se irão aderir à nova denominação tradicionalista ou permanecerão na Metodista Unida. 

Conservadores e progressistas

Enquanto uma pluralidade de metodistas americanos se considera conservadora, de acordo com uma pesquisa do Pew Research Center em 2014, seis em cada dez acreditam que a homossexualidade deve ser aceita e quase metade favorece o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

A Wesleyan Covenant Association, uma rede mais conservadora de leigos, clérigos e igrejas metodistas ortodoxas, está se preparando para essa divisão há anos, segundo seu presidente, Rev. Keith Boyette.

“Pessoas de todas as perspectivas teológicas se cansaram do conflito e não têm uma visão de como ele poderia acabar”, disse Boyette. Embora o reverendo discorde profundamente dos “centristas e progressistas” em certos assuntos, ele disse que as pessoas não podem ser compelidas a deixar a igreja metodista. Portanto, os tradicionalistas concordam em fazê-lo voluntariamente.

“Acredito que nosso testemunho e mensagem são muito mais importantes que um nome”, disse ele, estimando que cerca de um terço das igrejas americanas poderiam seguir a divisão tradicionalista.


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