As Festas Bíblicas carregam consigo cada uma delas um “mazal” que inclusive aponta para manifestações espirituais que repercutem em todo o mundo. Isso também pode ser notado por situações que ocorrem dentro do “mazal” das Festas e que ecoam do reino espiritual para o nosso mundo físico.
Mas vamos falar um pouco sobre Purim e estas conexões espirituais que reverberam mundo afora. Isso acontece com o início do mês de Adar. Mas o que significa esta palavra? Vejamos:
O mês judaico de Adar é conhecido como um mês de celebração e felicidade, Adar contém o alegre feriado de Purim que ocorre no meio do mês. Purim, no entanto, não é a única coisa que torna Adar especial.
A etimologia da palavra nos mostra que: “De acordo com o dicionário teológico BdB, o verbo אדר (adar), originalmente significava “ser largo ou grande”, e começou a significar "aquilo que é superior à outra coisa", como Haw Wordbook teológico do antigo testamento coloca.
Na Bíblia este verbo é usado predominantemente no significado de “ser majestoso”. É frequentemente usado em referência a D-us (Êx 15:10, I Sm 4:8, Sl 93:4), mas também a sua Lei (Is 42:21).
Nosso verbo rende três derivados:
- O substantivo masculino אדר (eder), ou seja, “glória ou magnificência” (Zc 11:13), ou, figurativamente, no sentido de ser um naturalmente largo (Mq 2:8).
- O adjetivo אדיר (addir), significando “Majestoso” (Êx 15:10, Jz 5:13).
- O substantivo feminino אדרת (aderet), significando “glória” (Ez 17:8) ou, figurativamente, “manto” (I Rs 19:13, Mq 2:8).
Estas amplificações da raiz da palavra nos dão definições de como deveria ser este mês dentro do contexto bíblico. Mas o que acontece é que existe uma grande batalha espiritual em curso na história da humanidade e o adversário fará tudo para “manchar” ou “desmentir” aquilo que foi estabelecido pela palavra do Eterno. Isso já aconteceu no período das Escrituras, quando o maligno se manifestou de forma a tentar negar a validade das promessas do Eterno.
Vejamos como tudo isso começou...
“Vendo pois Hamã que Mardoqueu se não inclinava nem se prostrava diante dele, Hamã se encheu de furor. Porém em seus olhos teve em pouco o pôr as mãos só em Mardoqueu (porque lhe haviam declarado o povo de Mardoqueu); Hamã pois procurou destruir a todos os judeus que havia em todo o reino de Assuero, ao povo de Mardoqueu” Et 3.5-6.
O ódio contra os judeus começa com a arrogância de um homem que é descendente de Esav – Esaú - e que busca a morte dos judeus e isso tudo só porque Mordechai não se curva diante de Hamam! Mas o que está por trás disso é algo muito maior, um plano maligno que busca somente um pretexto para tentar matar o povo do Eterno.
Todos sabemos que há uma grande necessidade de derramamento de sangue por parte das trevas para que eles se fortaleçam e possam também criar vínculos espirituais negativos com uma pessoa, família ou lugar.
Nesta época do ano percebemos um incremento no número de mortes violentas em todo o mundo e isso acontece por uma razão muito simples: há um movimento no reino espiritual que demanda por sangue, pois é somente através do derramamento de sangue -que é igual a morte – que as trevas se fortalecem e estabelecem cada vez mais o seu poder.
Hamam tentou fazer isso de uma forma muito engenhosa, pois naquela época uma grande parte do povo judeu estava sob o governo de Assuero e esta era realmente uma grande oportunidade de exterminar os judeus e também promover um grande mover maligno que buscaria anular as promessas do Eterno.
Devemos nos lembrar que se as trevas tivessem obtido sucesso naquele tempo, o Messias não teria nascido e a redenção da humanidade teria sido impossível!
O decreto
Hamam ardilosamente agiu nos bastidores da história – assim como seu antepassado amaleque que atacava o povo judeu pelas costas – e buscou criar uma lei que pudesse fazer com que os judeus fossem totalmente aniquilados. Isso aconteceu assim:
“E Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; pelo que não convém ao rei deixá-lo ficar. Se bem parecer ao rei, escreva-se que os matem; e eu porei nas mãos dos que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que entrem nos tesouros do rei. Então tirou o rei o anel da sua mão, e o deu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, adversário dos judeus. E disse o rei a Hamã: Essa prata te é dada, como também esse povo, para fazeres dele o que bem parecer aos teus olhos. Então chamaram os escrivães do rei no primeiro mês, no dia treze do mesmo, e conforme a tudo quanto Hamã mandou se escreveu aos príncipes do rei, e aos governadores que havia sobre cada província e aos principais de cada povo; a cada província segundo a sua escritura, e a cada povo segundo a sua língua; em nome do rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou. E as cartas se enviaram pela mão dos correios a todas as províncias do rei, que destruíssem, matassem, e lançassem a perder a todos os judeus desde o moço até ao velho, crianças e mulheres, em um mesmo dia, a treze do duodécimo mês (que é mês de adar), e que saqueassem o seu despojo” Et 3.8-13.
O Texto em si é muito intenso e mostra a sagacidade e a covardia de que se utilizou Hamam para aniquilar os judeus. Ataque pelas costas, de forma sorrateira e sem dar direito para que os judeus sequer se defendessem das acusações proferidas. Esta é a forma de ação do maligno.
A batalha espiritual já estava em curso e os demônios buscavam uma pessoa e uma oportunidade para que algo acontecesse. Eles tiveram ambos: a pessoa – Hamam – e a oportunidade. Detalhe: Hamam era um homem conceituado dentro do círculo de confiança do rei Assuero e como tal deveria buscar o bem dos súditos do rei e não seus próprios interesses...
A ação demoníaca teve início na mente e no coração de Hamam e isso foi levado à ação que culminou com a feitura de uma lei – decreto – que tinha alcance em todo o limite do reino de Assuero e este alcance era muito grande!
Com esta atitude havia uma certeza de que os planos do maligno alcançariam êxito por causa do decreto dos Medos e dos Persas que não poderia ser revogado. A vitória parecia certa...
A reviravolta
O inesperado ocorre e num banquete o mal-intencionado Hamam é revelado, pois o decreto de morte atingiria a própria Rainha Ester. Sendo assim, após ter sido revelado o intendo maligno de Hamam, o rei dá ordens para que ele fosse executado e Mordechai assume o seu posto como segundo no reino. Mas Ester também pede aao rei que um decreto seja emitido para que os judeus pudessem se defender do decreto de morte emitido por Hama.
Embora celebremos os milagrosos eventos que criaram o feriado de Purim em Adar, Haman na verdade foi enforcado em Nissan. Purim celebra não a morte de Haman, mas sim o tempo em que nossos ancestrais descansaram após sua milagrosa salvação e vitória na batalha. Esta é uma grande verdade! Não nos preocupamos em celebrar a morte daqueles que nos atacaram, mas sim o triunfo dos céus sobre os nossos inimigos! Nos alegramos com aquilo que o Eterno fez e faz em nossas vidas a cada dia, mas especialmente em Purim, quando havia um decreto de morte contra nossos antepassados... Isso significa que caso o decreto tivesse sido implementado, não estaríamos aqui celebrando!
A vitória final
“Então Mardoqueu saiu da presença do rei com um vestido real azul celeste e branco, como também com uma grande coroa de ouro, e com uma capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou. E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra. Também em toda a província, e em toda a cidade, aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria, e gozo, banquetes e dias de folguedo; e muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus; porque o temor dos judeus tinha caído sobre ele” Et 8.15-17.
A história não termina de forma triste e sombria... Mesmo que em nenhum momento nome do Eterno não apareça no livro Ele estava entre nosso povo para os conduzir à vitória!
Isso aconteceu primeiro com a derrota dos principados e potestades no reino espiritual para que houvesse uma manifestação na terra de algo que já havia ocorrido nos céus.
As trevas mais uma vez foram vencidas e isso fez com que os judeus fossem mais uma vez milagrosamente preservados! A vitória invisível fez com que houvesse uma vitória visível e palpável entre os judeus no reino de Assuero.
Quando entendemos que o decreto de morte ainda está “vigente” entendemos o porque temos tantas lutas nesta época do ano! Detalhe: o decreto para reagirmos também está em aberto e por isso lutamos para vermos as trevas serem derrotadas e a vitória do povo de Eterno! Sabemos que Ninrode, o principado que rege a violência no mundo é julgado nesta época e onde a festa de Purim é celebrada há uma diminuição da violência! Mas como o principado é julgado? Quando celebramos a Festa conforme as Escrituras estamos obedecendo ao Eterno e Ele mesmo se encarrega de julgar as trevas e também dar ordens para que seu povo que o obedece possa também receber os benefícios da Festa!
Que o Eterno nos abençoe e que possamos celebrar nossas conquistas espirituais vendo as trevas sendo derrotadas e digamos todos: “E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra” Et 8.16.
Baruch ha Shem!
Por Rav. Mário Moreno, fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: História de Purim: Estamos todos juntos nesta panela de barro
Purim e as trevas publicado primeiro em https://guiame.com.br
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