sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Novo documentário expõe detalhes do destruidor regime de aborto, na China

Novo documentário expõe detalhes do destruidor regime de aborto, na China

Os terrores da antiga política do One-Child (filho único) da China não são, até agora, segredo. Durante décadas, as políticas de controle da população da China levaram milhões de crianças por nascer ao abate, além de promoverem uma cultura de morte e discriminação com base no sexo.

A maior parte do mundo está ciente de que as famílias chinesas podem estar sujeitas a muitas penalidades, que vão de algo simples, como uma multa, a algo importante quanto um aborto forçado.

Um novo documentário mostra todos os detalhes desta política assustadora praticada pelo regime comunista chinês.

"One Child Nation", produzido pela Amazon Studios, teve lançamento limitado em agosto com exibição em cinemas em cidades selecionadas, nos EUA.

Os diretores Nanfu Wang e Jialing Zhang exploraram os efeitos de como o controle populacional, posto em prática permitindo que as famílias tenham apenas um filho entre 1980 e 2015, destruiu muitos cidadãos da China, especialmente mulheres.

Além de dirigir o filme, Wang também serviu como narradora, compartilhando sua história pessoal com um público mais amplo da população chinesa.

Assim que Wang se tornou mãe, os horrores das políticas chinesas a afetaram muito mais. "Tornar-me mãe é como dar à luz as minhas memórias", disse ela ao New York Times.

Como muitas famílias chinesas, os pais de Wang esperavam por um menino. "Quando eu nasci uma garota, eles me deram o nome de Nanfu, esperando que eu crescesse forte como um homem", diz ela no filme enquanto olha para fotos da família.

Às vezes, às famílias era permitido ter um segundo filho, se o primeiro fosse uma menina, devido ao baixo valor que a sociedade chinesa atribui às mulheres. As segundas meninas eram frequentemente abandonadas ou mortas.

Documentário

Enquanto isso, os cineastas entrevistaram aldeões e cidadãos chineses, que explicaram as maneiras devastadoras pelas quais as autoridades aplicaram a política do filho único.

Uma força-tarefa nacional espionou os cidadãos, apreendendo suas propriedades e destruindo suas casas se eles não cooperassem. Como foi extensivamente coberto pela Live Action News, as mulheres que engravidaram com mais do que o número permitido de crianças eram arrastadas para fora das ruas e forçadas a abortar.

"Naquela época, as mulheres eram raptadas por funcionários do governo, amarradas e arrastadas para nós como porcos", disse uma parteira.

Enquanto isso, quando os orfanatos chineses começaram a abrir para lidar com bebês abandonados, o tráfico de pessoas começou a florescer. As famílias que violaram a política do filho único encontrariam seus recém-nascidos sequestrados por funcionários do Estado e vendidos a orfanatos.

Lavagem cerebral

E para muitos dos residentes que sobreviveram a esses horrores, a propaganda e a lavagem cerebral ainda dificultam que eles expressem críticas. "Todas as pessoas que resistiram e sofreram, se você perguntar a elas hoje - minha mãe, meu avô e minha tia, meu tio - todos ainda diriam que a política era necessária e, eventualmente, positiva", disse Wang.

Em uma entrevista à NPR, Wang explica como a propaganda estatal difundida era completa, com músicas na TV e mensagens em lancheiras.

"Em algum momento, tornou-se apenas uma parte normal da vida, assim como o ar, a água, a árvore", disse ela. "E você simplesmente para de prestar atenção, pare de questionar, porque sempre esteve lá." Qualquer um que tivesse irmãos, ela acrescentou, sentia-se envergonhado.

Embora a política do filho único tenha sido supostamente relaxada, pouco mudou. E as terríveis repercussões ainda existem.

Consequências

As mulheres chinesas têm a maior taxa de suicídio do mundo. O tráfico de seres humanos continua, graças ao desequilíbrio de gênero causado pela política de décadas. Os homens lutam para encontrar esposas, levando a um mercado para mulheres e meninas serem traficadas e estupradas, forçadas a ter filhos.

Epidemias de solidão e depressão também são comuns entre homens e mulheres. E muitos não têm ideia da extensão do sofrimento que ocorre na China.


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