O Senhor falou. Peça ao Senhor. Jesus é meu Senhor. Confia no Senhor. Cristo é meu Senhor. O Senhor me revelou. As frases são muitas. São recorrentes. São corriqueiras. Fazem parte do vocabulário gospel. Não importa o espaço, se de moçada ou de idosos, se de liberais ou de conservadores, são frases que fazem parte natural das mais variadas cenas.
O detalhe é que o fato do uso da palavra “Senhor” ser comum não deveria torná-la comum! Usa-se indiscriminadamente a palavra, tanto para afirmações quanto para negações. Qualquer um usa, em qualquer momento, em qualquer situação. De tão extenso que ficou, cada vez que ouço a palavra “Senhor” ser usada, por vezes tenho que fazer a pergunta: qual Senhor? Exatamente sobre qual Senhor as pessoas estão se referindo?
O problema que esta confusão causa não é novo. Já acontecia nos tempos de Jesus. Num de seus mais famosos sermões ele questionou a insistência de algumas pessoas em chamá-lo de Senhor. No evangelho de Lucas, no sermão da montanha, capítulo 6 e versículo 46 Cristo faz a seguinte pergunta: “Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor’, se não me obedecem?”.
Apenas uma pergunta simples, clara e direta é o que basta para entendermos a essência do termo. No questionamento de Jesus fica claro o incômodo. Se inexiste obediência no relacionamento com Ele, não existe o senhorio dele na vida daquele que fica a repetir a palavra “Senhor” feito um papagaio, e não como um servo.
Pode até ser que nestes tempos de pós-modernidade tenha se evidenciado, mas é um dilema antigo. Todas as gerações tiveram e têm pessoas que querem a Cristo como seu Salvador, mas não como seu Senhor. Enquanto Ele se manifesta como a máxima expressão do amor e do perdão, tudo ok. Mas quando Sua palavra estabelece limites, moral e um caminho novo a seguir, a coisa começa a desencantar. O evangelho, no entanto, não é pregado para encantar, ele é pregado para salvar todo aquele que recebe a Jesus como Senhor e Salvador de sua vida.
Observe como o salmista constrói seu pensamento em relação à obediência no Salmo 4:3, “Prestem atenção a este fato: o Senhor separa o homem obediente para viver ao seu lado. É por isso que Ele me ouve quando oro e peço ajuda.” Em algumas traduções, a expressão “homem obediente” aparece como “homem piedoso”, ampliando em muito o significado da obediência no relacionamento com Ele. Afinal, como afirmou Russel Shedd: “Obediência sem amor é servil. Amor sem obediência é irreal.”
Enfim, segundo a pergunta do próprio Jesus, só tem legitimidade para chamá-lo de Senhor quem O obedece. E quem O obedece? Esta é uma resposta que somente Cristo e aquele que O segue podem responder. Não é papel de ninguém ficar apontando o dedo para os outros e definir quem é ou não obediente. O fato é que cada um de nós, se não em todas, em muitas situações sabemos quando estamos sendo obedientes, quando estamos pisando na bola. Portanto cabe a cada um corrigir rotas, mudar atitudes e responder para si mesmo se quer ou não o senhorio de Cristo em sua vida.
Por que saber se o uso da palavra “Senhor” é teórico, autêntico, verdadeiro ou mentiroso é tão importante? Porque aqueles que leem o livro que o Espírito do próprio Deus inspirou, sabem que terá um dia no qual Cristo olhará para muitos e dirá: “Vocês me chamavam de Senhor, Senhor, e faziam muitas coisas em meu nome, porém eu nunca vos conheci...” Não perca tempo impressionando os outros, mas invista tempo num relacionamento onde o Senhor de fato seja o seu Senhor.
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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O Senhor é Senhor? publicado primeiro em https://guiame.com.br
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