Uma missionária cristã revelou condições de vida extremamente desumanas para várias centenas de homens presos em Jérémie, Haiti.
Várias celas minúsculas estão cheias de 50 a 60 pessoas, que são forçados a dormir no concreto, enquanto usam apenas um balde por quarto como “vaso sanitário”. Somente aqueles com familiares que podem enviar comida podem comer com alguma regularidade.
A missionária americana Kate Bartow, que o site americano ‘Faithwire’ já havia entrevistado por suas ousadas façanhas em meio à intensa perseguição contra americanos brancos, tem raízes familiares no Haiti e recentemente visitou a prisão em Jerémie pela primeira vez.
Bartow conseguiu secretamente tirar várias fotos da cena angustiante, que retrata um nível de desespero impensável para a maioria dos humanos ao redor do mundo.
O acesso às instalações é raro, evidenciado pela incapacidade de Bartow de visitá-la até agora. Ela já esteve no Haiti inúmeras vezes e é uma figura popular na pequena cidade, mas ainda assim nunca teve acesso à prisão até poucos dias atrás.
Vendo o triste estado das condições na prisão, não é de se admirar que as autoridades prefiram limitar severamente o acesso. A extrema urgência expressa pelos prisioneiros está além da imaginação humana, pois eles imploram até pelas menores coisas, como alguém para conversar, ler suas anotações ou aceitar o ofício que eles fizeram.
Bartow parecia ter aquele olhar de mil jardas que os soldados costumam exibir quando voltam da guerra. "Eu já vi muitas coisas", disse ela. "Mas essas são as piores que eu já vi".
Ela descreveu a cena com detalhes vívidos em seu blog e em uma entrevista ao ‘Faithwire’.
"Há tantos homens reunidos em uma cela que nem todos conseguem dormir ao mesmo tempo. Alguns são obrigados a ficar de pé enquanto outros dormem e depois acordam e revezam-se. Eles dormem no chão de cimento”, contou.
“Há um balde de cinco litros no final da cela para todos fazerem suas necessidades. Ele é esvaziado pela manhã e à noite, mesmo que esteja transbordando. Os presos de hierarquia mais baixa dormem perto do balde, enquanto as fezes e a urina transbordam, perto dos pés e da cabeça”, acrescentou.
Bartow também falou sobre a situação alarmante de muitos presos que passam fome por não comerem regularmente como necessário.
“Homens sem família comem apenas o que a prisão os dá como alimento. A "comida" é pior que comida de cachorro. Esses homens ficam nessas celas o dia todo, quase sem fluxo de ar. Eles estão com fome, com sede e sujos. Suas bochechas estão afundadas e têm olheiras. As costelas e as clavículas são proeminentes”, relatou.
A experiência ainda estava claramente em sua mente depois de retornar aos EUA, poucas horas antes desta entrevista.
Testemunho
Ela contou sobre um garoto adolescente que reconheceu na prisão. Ele era um dos garotos da rua, deprimido, que fica nas ruas o dia todo, esperando pegar alguns restos de comida ou moedas de um centavo. Ele foi preso aos 15 anos, supostamente por brigas de rua.
Mas é difícil dizer quem realmente deveria estar na prisão e quem não deveria. Quando questionada sobre o sistema de justiça do Haiti, Bartow simplesmente respondeu "é o Haiti. Então, não há um".
A corrupção corre solta em todos os aspectos da vida haitiana. Se você quer alguém na prisão, provavelmente pode pagar para que isso aconteça. Essa é uma das principais razões pelas quais o país não consegue escapar do controle da pobreza, porque seria preciso uma reforma maciça contra corrupção, o que claramente não é uma tarefa fácil, ou já teria sido feito.
"Você está andando pelos corredores, enquanto braços e mãos estão estendidos. Eles estão pressionando o rosto contra as barras para tentar chamar sua atenção. Eles estão implorando por um telefonema ou apenas para falar com você. Eles me deram todas essas cartas para eu ler. As histórias deles. Eu peguei essa pilha de anotações riscadas em maços de cigarros e pequenos pedaços de papel e invólucros, apenas dizendo o que eles precisam e o que aconteceu com eles. Eles não sabem se eu posso fazer alguma coisa, mas foi a única aparência de esperança deles. Eu disse: 'Eu não sou Deus ... farei o que puder'. E eles disseram: 'Não importa, apenas aceite’”, contou.
Bartow explicou como ela disse aos prisioneiros que, apesar de alguns serem realmente culpados, Deus os valoriza da mesma forma.
“Se formos reais com nós mesmos, fizemos, em nossas vidas, fizemos muitas coisas que se estivéssemos no Haiti ou a pessoa errada nos visse, isso poderia ter nos levado à prisão", explicou.
Bartow agora está procurando ajudar aqueles que são verdadeiramente esquecidos pela sociedade. O Haiti já é um país que sofre imensamente; portanto, os que estão na prisão sofrem quantias inimagináveis por várias razões, como a pobreza e a corrupção.
“Meu objetivo é proporcionar aos presos uma boa refeição por semana. Isso é bem mínimo. O objetivo final é encontrar 380 pessoas que dariam 2 dólares por semana e isso lhes daria apenas uma refeição por semana. Quero vender suas bolsas e carteiras (que eles fazem na prisão), explicou Bartow. Isso foi algo que realmente me emocionou, porque eles ainda estavam criando. Sinto que quando paramos de criar é quando estamos completamente sem esperança. Eles ainda estão criando, porque ainda estão buscando essa esperança", declarou.
Missionária visita presídio no Haiti e revela condições precárias: “Eles imploram pelo básico” publicado primeiro em https://guiame.com.br
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