terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Quando os céus se fendem e Deus desce

Quando os céus se fendem e Deus desce

“Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença” (Is 64.1).

O profeta Isaías está encerrando a sua carreira profética e anseia por uma manifestação extraordinária da presença de Deus. Não lhe é suficiente saber que Deus é onipresente. Ele quer ver a presença manifesta de Deus. Quero, portanto, aqui destacar três lições:

Em primeiro lugar, a presença manifesta de Deus vem a resposta à oração. Isaías compreende que Deus vem, com sua manifestação esplêndida, em resposta à oração. Sempre foi assim na história. Deus se manifesta com seu poder, fazendo notório o seu nome, em resposta às orações do seu povo. Pela oração conectamos a fraqueza humana à onipotência divina; o altar da terra com o trono do céu. Quando a igreja ora, os céus se movem, o inferno treme e coisas extraordinárias acontecem na terra. Isaías não pede prosperidade nem saúde. Não pede sucesso para seu ministério nem o reconhecimento dos homens. Pede a presença manifesta de Deus. Anseia por uma manifestação poderosa de Deus, a ponto dos montes mais sólidos tremerem em sua presença. Quando Deus se manifesta, aquilo que parece inabalável é sacudido desde seus alicerces. Ninguém pode resistir a presença manifesta de Deus. Ninguém pode duvidar da existência e do poder de Deus quando ele fende os céus.

Em segundo lugar, a presença manifesta de Deus é uma expressão de seu poder irresistível. Quem pode deter o braço do Todo-poderoso Deus quando ele se manifesta? Os pecadores mais duros e insolentes se derretem como cera ao fogo. As nações mais açodadas no pecado reconhecem que ele é Deus e se dobram. Esta verdade insólita é vista nos tempos de avivamento da igreja. Onde quer que Deus fendeu os céus e desceu, homens outrora escravos do pecado foram libertos. Nações mergulhadas nas densas trevas da idolatria são arrancadas desse berço de escuridão para se voltarem para o Senhor. Quando Deus fende os céus, isso se torna tão notório que é impossível negar seu poder e impossível resistir sua graça. Deus pode fazer mais em um dia de avivamento, do que conseguimos fazer em anos de trabalho estribado na força da carne. Oh, como precisamos da manifestação do Todo-poderoso! Muitas nações viram as costas para Deus. Os ímpios escarnecem do seu Cristo. Até mesmo as igrejas, que devem professar seu nome e proclamar sua Palavra, mergulham num sono de condenável apatia. Mais do que o reconhecimento dos homens, precisamos ver os céus rasgados e Deus descendo para manifestar ao mundo o seu poder.

Em terceiro lugar, a presença manifesta de Deus traz glória ao próprio Deus e ânimo à sua igreja. Aqueles que hoje desandam a boca para falar blasfêmias contra Deus, insurgindo-se contra sua graça e desmerecendo seu poder, ficam perplexos diante da manifestação do Onipotente. Quando Deus desceu no Sinai, as rochas maciças tremeram e de fenderam. Quando Deus desceu no Pentecostes, as nações reunidas em Jerusalém, se reuniram atônitas e foram impactadas com o poder da Palavra proclamada no poder do Espírito Santo; e a partir dali, o Evangelho, de forma célere e irresistível, alcançou todo os rincões do mundo. Quando Deus fendeu os céus e desceu na Inglaterra, no século dezoito, a nação foi sacudida pelo poder do Espírito Santo e multidões, outrora mortas em seus delitos e pecados, correram sôfregas para os braços do Salvador. Quando Deus fendeu os céus e desceu nos Estados Unidos, no século dezenove, a igreja soergueu-se das cinzas e missionários saíram para os mais longínquos horizontes do mundo, levando a esperança do Evangelho. Quando Deus fende os céus e desce, o mundo é impactado, a igreja é reavivada e os corações mais endurecidos se derretem, reconhecendo que só o Senhor é Deus.

Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Fomos pó, somos pó, seremos pó


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