segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Ex-missionário é indicado para chefiar órgão de proteção a índios isolados da Funai

Ex-missionário é indicado para chefiar órgão de proteção a índios isolados da Funai

Um teólogo e antropólogo que trabalhou como missionário na Amazônia foi indicado para assumir a coordenação-geral de índios isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Ricardo Lopes Dias atuou entre 1997 e 2007 na Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), uma organização cristã que promove a evangelização de indígenas brasileiros desde 1953.

O convite para o cargo foi feito pelo presidente da Funai, Marcelo Xavier, disse Dias ao jornal O Globo. Ele aguarda uma decisão da presidência do órgão para ser oficialmente nomeado.

Diante de seu histórico como missionário, Dias esclareceu qual será sua função na Funai. “Minha atuação vai ser técnica. Não vou promover a evangelização de índios”, esclareceu.

Dias disse ainda que foi indicado por sua experiência como antropólogo, e não pelo histórico como missionário. 

“Nunca escondi e não escondo meu trabalho no passado como missionário, mas hoje sou antropólogo, com mestrado e doutorado em universidades públicas de três Estados”, disse à BBC Brasil.

Dias é doutor em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC (UFABC), mestre em Ciências Sociais (Antropologia) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e bacharel em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Ele também é bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana (FTSA) e fez pós-graduação em Antropologia Intercultural pela UniEvangélica, em Anápolis (GO), grande polo de entidades missionárias no Brasil.

A Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) é um dos postos mais importantes na hierarquia da Funai, sendo responsável pelo gerenciamento de 11 frentes de proteção etnoambiental e 19 bases espalhadas pela Amazônia, onde há registros sobre a presença de índios isolados ou que foram contatados recentemente.

Dias lamenta que o fato de ser evangélico e ter atuado como pastor esteja chamando tanto a atenção da opinião pública.

“Acho que está havendo até uma discriminação pelo fato de eu ser evangélico. Eu sou antropólogo, tenho mestrado e acabei de concluir um doutorado. Tenho conhecimento técnico sobre a situação dos índios no Brasil”, destacou.

A indicação de Dias foi elogiada pelo presidente da Missão Novas Tribos do Brasil, Edward Gomes Luz. “É uma pessoa muito capaz e tecnicamente preparada para qualquer cargo. Se for olhar a capacitação e a pessoa em si, ele é perfeito”, disse.


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